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Disciplina é liberdade. Organização e auto-defesa

Há algum tempo um jovem chamado Renato Russo escreveu e cantou tal oração: Disciplina é liberdade.

A disciplina permite que se façam coisas inviáveis em um ambiente sem disciplina. 

Outro modo de pensar: organizar para desorganizar; desorganizar para organizar. Chico Science.

Disciplina e organização são tão importantes que até alguém como o disciplinado Clint Eastwood certa vez declarou que se ele mesmo fosse disciplinado, teria sido músico: http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-68/o-que-aprendi/se-eu-fosse-mais-disciplinado-poderia-ter-sido-musico

Entre outras coisas, nesta semana, vi que uma das maiores organizações do Protestantismo brasileiro criou uma organização interna denominada "Gladiadores do Altar". Disciplina, uniformes militares, regras, objetivo e linhas de comando relativamente claro: https://www.youtube.com/watch?v=1uDQbLjXdSE


http://www.universal.org/noticia/2015/02/16/conheca-o-novo-projeto-gladiadores-do-altar-32175.html

http://www.universal.org/noticia/2015/02/16/conheca-o-novo-projeto-gladiadores-do-altar-32175.html


Parece que está-se criando uma organização de auto-defesa, com base na discplina e na evangelização (objetivos e comandos relativamente claros).

Capoeira nasceu desta forma: da necessidade de auto-defesa. As organizações sindicais e políticas ligadas aos setores mais pobres da população, em geral trabalhadores assalariados de baixa e média renda, no final do século XIX e no início do século XX, também tinham suas organizações de auto-defesa: comunistas, socialistas e anarquistas.

O fascismo e o nazismo também tinham suas organizações de auto-defesa, além das organizações de ataque e de inteligência.

Num momento onde dar uma palmada reprendedora num filho é crime (o que é diferente de espancamento sádico). Onde crianças e adolescentes submetem professores pelo medo. Onde tudo é Estado-dependente e as pessoas desaprenderam a organizarem-se para defender seus interesses (afinal, o pai-Estado cuidará de tudo para o bem de todos), essa iniciativa dos "Gladiadores do Altar" pode ser um indicador de mudança de humor em parcelas da população em relação a este contexto geral.

Se este grupo com trajes militares e discursos religiosos divergentes do Catolicismo praticado por parte significativa das elites econômicas e boa parte da classe média brasileira tornar-se-á um grupo pára-militar, ninguém sabe. 

Dadas as tradições brasileiras, a nossa cultura e "formas de fazer as coisas", penso que este fenômeno é diferente, por exemplo, daquele chamado "Exército de resistência do senhor", grupo cristão que atua de forma similiar ao Boko Haram.


http://www.japantimes.co.jp/news/2015/03/02/world/despite-icc-war-crimes-trial-some-victims-seek-forgiveness-ritual-for-lra-commander/
Vítima de ação do Exército de resistência do senhor, em Uganda.


 
No entanto, todos temos direito a nos organizarmos disciplinadamente para defender nossos interesses, usando quaisquer trajes, tendo objetivos e linhas de comando diferentes. Se há torcidas organizadas, escolas de samba ...







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