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Nicos Poulantzas e o Estatismo autoritário

Ler Nicos Poulantzas no atual contexto político e intelectual que nos circunda é como sentir uma leve brisa úmida que bate em nosso rosto quando estamos caminhando no calor seco.

Uma dessas brisas revigorantes encontra-se abaixo transcrita. Um conceito denominado ESTATISMO AUTORITÁRIO.

Essas idéias foram desenvolvidas na perspectiva de Poulantzas sobre a nova forma "normal" do tipo capitalista de Estado, isto é, o "estatismo autoritário". Sua tendência básica de desenvolvimento é descrita como "o controle intensificado do Estado sobre cada esfera da vida sócio-econômica combinado com o declínio radical das instituições da democracia política e com a restrição draconiana e multiforme das assim chamadas liberdades 'formais'" (POULANTZAS, 1978a, p. 203-204). Mais especificamente, os principais elementos do "estatismo autoritário" e suas implicações para a democracia representativa incluem: em primeiro lugar, uma transferência do poder do ramo Legislativo para o ramo Executivo e a concentração de poder no segundo; depois, uma fusão acelerada dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, acompanhada de um declínio do império da lei; em terceiro lugar, o declínio funcional dos partidos políticos como canais principais para o diálogo político com a administração e como as maiores forças na organização da hegemonia; finalmente, o crescimento das redes paralelas de poder atravessando a organização formal do Estado e mantendo uma decisiva parcela de suas várias atividades (POULANTZAS, 1973, p. 303-307, 310-315; 1975, p. 173; 1976b, p. 55-57; 1978a, p. 217-231; 1979, p. 132).

Grifos meus. O texto original é de um professor de sociologia chamado Bob Jessop, que leciona na Universidade de Lancaster, Inglaterra, e se chama O Estado, o poder, o socialismo de Poulantzas como um clássico moderno:  http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-44782009000200010&lng=en&nrm=iso

O conceito de estatismo autoritário dialoga de uma forma assustadoramente fluente com a realidade que vivemos no Brasil e em outros países. Impressionante sua atualidade. Creio que irei apropriar-me dele para fins analíticos.

Depois de ler este artigo, fiz uma  breve pesquisa no portal da Livraria Cultura, verifiquei que não há livros de Poulantzas em português à venda. Terrível descoberta.

Nicos Poulantzas morreu jovem (43 anos), ou de morte matada, ou de morte morrida por vontade própria em Outubro de 1979, em Paris.



Nicos Poulantzas
  

Abaixo, algumas poucas referências de/sobre Poulantzas.

Entrevista com Nicos Poulantzas publicada pela revista Isto É, em 1979http://www.arqanalagoa.ufscar.br/pdf/recortes/r06095.pdf

Poulantzas e os partidos no Brasil, de Fernando Henrique Cardoso (1982)http://novosestudos.uol.com.br/v1/files/uploads/contents/32/20080619_partidos_estado.pdf

Poulantzas e Foucault: Direito, Estado e Poder na perspectiva relacional. Convergências e Divergências; de Luiz Eduardo Motta (2011)http://www.uff.br/niepmarxmarxismo/MManteriores/MM2011/TrabalhosPDF/AMC281F.pdf

As transformações atuais do Estado, a crise política e a crise do Estado, in Estado em Crise; de Nicos Poulantzas (1977)http://www.bresserpereira.org.br/Terceiros/Cursos/09.Nicos,Poulantzas.As_transformacoes_atuais_do_Estado_a_crise_politica.pdf

Interview with Nicos Poulantzas; Marxism Today (1979)http://www.amielandmelburn.org.uk/collections/mt/pdf/07_79_194.pdf

Nicos Poulantzas, 30 anos depois; de Luiz Eduardo Motta (2009)http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-44782009000200017&lng=en&nrm=iso




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