Quando comecei a treinar Aikido há anos atrás, também comecei a estudar medicina tradicional chinesa (MTC). Comecei treinando Aikido no Aizen Dojo e estudar no Instituto Tao, com Homero, Henrique e outros professores.
Foi um momento muito especial em minha vida, pois estava-me permitindo ser mais "água", mais sentimental. Casamento e filhos, Aikido e MTC.
Energia vital, Ki, Chi, Prana. Entender como a energia flui pelo corpo, como ela forma o corpo, como ela é produzida pelo corpo, como atuar sobre seus fluxos e obter determinados efeitos.
Quem aprende apenas a matar, não aprende a curar. Quem aprende a curar, aprende a matar, diz um velho adágio.
Seguindo a tradição taoísta, na MTC podemos entender o ciclo vital a partir da combinação sempre desigual e, normalmente, dinâmica, de cinco elementos: fogo, terra, água, madeira e metal.
A cada elemento corresponde uma série de atributos: cores, sabores, uma estação do ano, um órgão, canais de energia, movimentos, emoções, ações, reações, etc. O normal é haver um eterno equilibrar-se e desequilibrar-se, haver movimento: algo similar disse Heráclito ao afirmar a impossibilidade de nos banharmos duas vezes no mesmo rio, dado que as águas são sempre diferentes, sempre fluem.
Arte marcial é fluxo. Construir. Destruir. Construir. Sempre. Na MTC ocorre a mesma coisa. A "cura" ou "adoecimento" é sempre um ponto de equilíbrio qualquer em um eterno fluir, num eterno vir-a-ser.
Os elementos relacionam-se entre de duas formas básicas: um ciclo construtivo e um ciclo destrutivo (de dominação, de controle, não-fluir), conforme pode-se ver no desenho abaixo.
A água nutre a madeira. A madeira, uma vez crescida, viabiliza o surgimento do fogo, que gera cinzas, que forma a terra. Na e da terra nasce o metal, que faz florescer a água. No entanto, o fogo derrete o metal, que corta a madeira, que consome a terra, que absorve a água. Por outro lado, se metal não controlar a madeira, ela cresce muito e consome a terra, e assim sucessivamente.
Não há bem, não há mau. Há o caminho e os caminhantes. Alguns estão mais próximos a seu centro, outros o tangenciam, outros o orbitam.
Acupuntura, massagens, ervas, movimentos específicos (artes marciais, por exemplo), contribuem para permitir que os fluxos de destruição e criação fluam.
O medo faz descer, é o título deste pequeno pensamento. Por que ?
Quando os animais, quaisquer um incluindo nós, que antes e acima de tudo, somos animais, quando sentimos medo, o que fazemos ? Fugimos ? Ficamos paralisados ? Reagimos e enfrentamos a causa do medo ? A resposta é, com toda certeza, depende.
Uma das coisas que o medo faz é criar mecanismos de fuga, para tal, precisamos estar leves o suficiente para correr, então, alguns urinam e defecam. Nos esvaziamos para poder correr mais rápido. Alguns correm, outros congelam.
Outros usam o medo como provocação para ir além, para se superar. Não é que não sintam medo, mas o medo faz com que eles treinem mais, sejam melhores, pois eles tem medo de se machucar e morrer. Aceitam o risco.
A vida é um risco: quantos espermatozóides não morreram para que apenas um em milhões tivesse a sorte de penetrar no óvulo e fazer você existir. Se fosse outro espermatozóide (outra combinação de DNA), você seria você ? A vida é uma benção, mas é arriscada.
Na MTC, o medo está relacionado à água, aos rins, à bexiga. O movimento natural da água é descer, contornar seu obstáculo. A forma de superar seu oponente é encontrar seu ponto mais fraco e ir embora. Simples e a mais difícil técnica de defesa que há.
A água desce. O medo faz descer. Por isso muitos se urinam quando têm medo. O pior dos medos é o que paralisa. A água não consegue fluir. Simplesmente pára e tudo que pára, mais cedo ou mais tarde, fenece. Muitas vezes, pedras nos rins estão relacionadas com medo de algo, de alguma perda, de alguma situação.
O interessante é que, apesar do rim estar relacionado com a água e ser, portanto, Yin, o rim é o grande forno responsável pelo Yang fundamental de todo corpo. Sem rim, sem água, não há calor, não há movimento, não há vida.
Por que resolvi escrever estes pensamentos, relembrando-me de coisas que minha vida quotidiana empurra para baixo do tapete de minha racionalidade ? Porque em um dia de treinamento, mestre Inocalla mostrou-nos um vídeo dos efeitos do medo sobre uma pessoa.
Senti muita, muita pena da pessoa. Sempre ouvi falar do medo que paralisa, mas nunca tinha visto. É algo que mostra, ao menos para mim, que, dado que viver é um risco, temos que minimizá-lo mental, espiritual e fisicamente.
La peur peut causer de drôles de réactions: https://www.youtube.com/watch?v=uAH5fs-N3B8
Medos, é bom tê-los, mas eles não podem nos dominar. Medo faz descer.
Foi um momento muito especial em minha vida, pois estava-me permitindo ser mais "água", mais sentimental. Casamento e filhos, Aikido e MTC.
Energia vital, Ki, Chi, Prana. Entender como a energia flui pelo corpo, como ela forma o corpo, como ela é produzida pelo corpo, como atuar sobre seus fluxos e obter determinados efeitos.
Quem aprende apenas a matar, não aprende a curar. Quem aprende a curar, aprende a matar, diz um velho adágio.
Seguindo a tradição taoísta, na MTC podemos entender o ciclo vital a partir da combinação sempre desigual e, normalmente, dinâmica, de cinco elementos: fogo, terra, água, madeira e metal.
A cada elemento corresponde uma série de atributos: cores, sabores, uma estação do ano, um órgão, canais de energia, movimentos, emoções, ações, reações, etc. O normal é haver um eterno equilibrar-se e desequilibrar-se, haver movimento: algo similar disse Heráclito ao afirmar a impossibilidade de nos banharmos duas vezes no mesmo rio, dado que as águas são sempre diferentes, sempre fluem.
Arte marcial é fluxo. Construir. Destruir. Construir. Sempre. Na MTC ocorre a mesma coisa. A "cura" ou "adoecimento" é sempre um ponto de equilíbrio qualquer em um eterno fluir, num eterno vir-a-ser.
Os elementos relacionam-se entre de duas formas básicas: um ciclo construtivo e um ciclo destrutivo (de dominação, de controle, não-fluir), conforme pode-se ver no desenho abaixo.
A água nutre a madeira. A madeira, uma vez crescida, viabiliza o surgimento do fogo, que gera cinzas, que forma a terra. Na e da terra nasce o metal, que faz florescer a água. No entanto, o fogo derrete o metal, que corta a madeira, que consome a terra, que absorve a água. Por outro lado, se metal não controlar a madeira, ela cresce muito e consome a terra, e assim sucessivamente.
Não há bem, não há mau. Há o caminho e os caminhantes. Alguns estão mais próximos a seu centro, outros o tangenciam, outros o orbitam.
Acupuntura, massagens, ervas, movimentos específicos (artes marciais, por exemplo), contribuem para permitir que os fluxos de destruição e criação fluam.
O medo faz descer, é o título deste pequeno pensamento. Por que ?
Quando os animais, quaisquer um incluindo nós, que antes e acima de tudo, somos animais, quando sentimos medo, o que fazemos ? Fugimos ? Ficamos paralisados ? Reagimos e enfrentamos a causa do medo ? A resposta é, com toda certeza, depende.
Uma das coisas que o medo faz é criar mecanismos de fuga, para tal, precisamos estar leves o suficiente para correr, então, alguns urinam e defecam. Nos esvaziamos para poder correr mais rápido. Alguns correm, outros congelam.
Outros usam o medo como provocação para ir além, para se superar. Não é que não sintam medo, mas o medo faz com que eles treinem mais, sejam melhores, pois eles tem medo de se machucar e morrer. Aceitam o risco.
A vida é um risco: quantos espermatozóides não morreram para que apenas um em milhões tivesse a sorte de penetrar no óvulo e fazer você existir. Se fosse outro espermatozóide (outra combinação de DNA), você seria você ? A vida é uma benção, mas é arriscada.
Na MTC, o medo está relacionado à água, aos rins, à bexiga. O movimento natural da água é descer, contornar seu obstáculo. A forma de superar seu oponente é encontrar seu ponto mais fraco e ir embora. Simples e a mais difícil técnica de defesa que há.
A água desce. O medo faz descer. Por isso muitos se urinam quando têm medo. O pior dos medos é o que paralisa. A água não consegue fluir. Simplesmente pára e tudo que pára, mais cedo ou mais tarde, fenece. Muitas vezes, pedras nos rins estão relacionadas com medo de algo, de alguma perda, de alguma situação.
O interessante é que, apesar do rim estar relacionado com a água e ser, portanto, Yin, o rim é o grande forno responsável pelo Yang fundamental de todo corpo. Sem rim, sem água, não há calor, não há movimento, não há vida.
Por que resolvi escrever estes pensamentos, relembrando-me de coisas que minha vida quotidiana empurra para baixo do tapete de minha racionalidade ? Porque em um dia de treinamento, mestre Inocalla mostrou-nos um vídeo dos efeitos do medo sobre uma pessoa.
Senti muita, muita pena da pessoa. Sempre ouvi falar do medo que paralisa, mas nunca tinha visto. É algo que mostra, ao menos para mim, que, dado que viver é um risco, temos que minimizá-lo mental, espiritual e fisicamente.
La peur peut causer de drôles de réactions: https://www.youtube.com/watch?v=uAH5fs-N3B8
Medos, é bom tê-los, mas eles não podem nos dominar. Medo faz descer.
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