Como faço na maioria dos dias, fui almoçar em casa.
Saí da caverna onde minha baia se localiza atualmente (um auditório, num subsolo: sem janelas, cabeças aparentemente flutuando) e fui andando até a parada de ônibus.
Para minha grata surpresa, momento raro em termos de ônibus brasilienses), esperei meros 5 minutos até a chegada do micro-ônibus que me levaria da Esplanada ao início da L2 Norte.
Ônibus novo: um pouco mais alto que os Zebrinhas anteriores e carroceria mais comprida.
Desta impressão visual deduzi imediatamente: que bom, o novo Zebrinha é mais confortável do que o anterior.
Sinalizei. O motorista parou e a porta silenciosa abriu-se para mim. Entrei e paguei a tarifa. A porta fechou-se da mesma forma que abriu-se.
O motorista liberou a roleta e minha viagem de descoberta do novo Zebrinha iniciou-se.
Motor novo, pouco barulhento, como todo motor novo. Infelizmente, ainda localizado ao lado do motorista, que deve enlouquecer com aquele barulho constante.
Bancos novos, azuis.
Resolvi sentar-me na última fila de cadeiras, do lado direito, próximo à janela. Lugar bom para ver prédios e carros e o céu azul que surge entre e acima deles.
Ao sentar-me, minhas impressões positivas acabaram.
Reparei que o aumento da carroceria não significou aumento do conforto, ou mesmo a manutenção do anterior.
Na verdade, na verdade, a carroceria maior encobre o fato de que a quantidade de lugares sentados diminuíram e os lugares para viajar em pé aumentaram.
As cadeiras para dois passageiros no lado direito foram transformadas em cadeiras para um passageiro. Aquele que, antes, ia sentado, agora irá em pé.
Os que conseguirão ir sentados descobrirão rapidamente que a largura dos acentos foi reduzida.
Sou baixinho e não tive como ficar sentado no lugar que escolhi. Desloquei-me para outra cadeira e o mesmo aconteceu.
Agora, imagine uma pessoa grande. Grande por estar gorda, ou grande porque faz parte da nova geração, que é maior do que a minha. Ou irá em pé, ou ocupará dois lugares.
Brasília, cidade planejada para carros. Terra do planejamento estatal.
Terra da comprovação de que o Homem e a burocracia por ele inventada estão longe de serem completamente racionais.
Impressionante !
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