Quando a maioria apresenta-se enquanto maioria, isso assusta.
A maioria, em sendo maioria, é por demais desorganizada. É muito heterogênea em inúmeros aspectos.
Quando mesmo uma parte da maioria se concentra em um lugar (lugar, espaço geográfico), a potencia da maioria manifesta-se... E a potência assusta, a quem não esperava.
Essa estória do tal "rolezinho" em Shopping, lembra-me meus quase vinte anos e o bafafá que era, nas praias da zona sul do Rio de Janeiro, a ida coletiva à praia da gurizada da zona norte (são cristóvão, méier, penha, etc)... Qualquer gurizada ? Não ! Preta, pobre, favelada. Vestida com a última bermuda ou biquini daquela marca, daquele surfista: era época do fantástico programa "Realce".
Ver as pálidas e quentes areias do Arpoador ou de Ipanema tomada de pretos da zona norte era algo que chocava, pois estes primeiros momentos de ida coletiva à praia assustavam. Alguns até diziam: pedágio para acessar a praia, em nome da conservação do bem publico.. kkkk
O problema não era o fato de que pretos e mestiços diversos fossem a praia, ou mesmo que lotassem a praia. O problema é que a ida e a volta eram organizadas. Ponto de encontro, locais para ir, locais para vir.
A maioria, minimamente organizada, assusta ! É muito grande ! Tem força.
Pena que, em geral, talvez por ser maioria, talvez por despolitização, não sei... Estes ímpetos de mobilização;organização meio que anárquicos (e, para alguns, fúteis), são, em geral, efêmeros.
Diferentemente do que vivi em relação as praias da zona sul do rio, esta fração da maioria, tem acesso ao "face". Na época, celular era um luxo aristocrático, em geral ligado ao serviço público ou ao micro-empresariado.
No dia que a maioria tiver consciência de quão grande e forte é, nada mais normal será do que uma quantidade grande de negros e mestiços irem e virem para onde bem entenderem, assim como fazem aqueles que organizam suas acoes coletivas, tais como ir a festivais de cinema, teatro, etc.
Do ponto-de-vista da segurança publica é necessária atenção redobrada. Sim, é necessário. Pois essa maioria que se mobiliza, não tem este habito, está aprendendo, é muito jovem. Neste contexto, hormônios e provocações (à direita e à esquerda) em excesso podem causar problemas, afinal, somos a maioria.
Estranho mesmo é ser maioria e viver à moda da minoria.
Em época de Oscar e "rolezinho", melhor rever Django Livre e Meu nome não é Johnny.
Complexo do Alemão, RJ. Imagine um "rolezinho" com 1% dos jovens que aí moram.
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